O artigo da dissertação de mestrado de Basílio Domingos (2003) analisa a experiência de perda por morte e luto por essas perdas segundo 25 crianças e adolescente ( de 13 a 18 anos de idade) em uma escola pública em São Paulo.
Ela faz um desenho detalhado sobre as reações de morte (suicídio, homicídio, AIDS etc) para compreender o luto para este grupo pesquisado.
“O luto, entendido como uma constelação de reações psíquicas, conscientes e inconscientes, a uma perda significativa, é uma experiência complexa que transcende o âmbito individual” (Domingos, 2003 p.01)
Categorias encontradas: circunstancias da perda, reações ás perdas, o adolescente enlutado e a família, o adolescente enlutado e a escola, o adolescente enlutado e a expressão emocional.
Alguns tipos de morte como suicídio, homicídio, AIDS segundo Domingos (2003) dificultam mais a expressão, o compartilhamento das emoções por diversos fatores como: crenças, vergonha, medo, insegurança, estigmas etc.
A morte e luto é experiência moldada sócioculturalmente, na interação com o sistema familiar e com demais sistemas da sociedade, pode interferir, oferecendo ou não suporte ao enlutado no seu processo de luto.
E conclui que o complexo morte x luto, implica no processo-aprendizagem e na saúde mental do adolescente quando não bem vivido. Que a família e a escola “não são eficazes” no suporte ao processo de luto destes pesquisados.
E pergunta “como a escola poderia lidar com a demanda dos alunos enlutados? o lugar da afetividade nos processos de escolarização. Como pensar ou resgatar uma escola responsiva às necessidades de seus usuários?” e responde logo em seguida, informando que a escola deve esta preparada (professores e demais profissionais) para promover a educação para a morte, oferecer suporte ao luto e saber lidar com situações ligadas a estes temas. E a família deve ser também o “lugar” que garanta ao enlutado expressar suas emoções...
Concordo com tudo exposto com Domingos (2003) especialmente a boa “sacada” os profissionais diante da morte. Quando alguém, parente de um aluno falece e este esta assistindo alguém quem dará a noticia de morte? Como será dada essa má noticia? O profissional foi treinado? Esta preparado? E como estão seus lutos? Que projetos e programas a escola desenvolve em relação a estes temas? O professor é figura de referencia para o aluno e aprendemos com diversos pesquisadores que o luto é uma reação natural e normal a uma perda significativa, mas este dependerá do tipo e forma da morte, do vinculo com o falecido, personalidade do enlutado, fatores que complicam ou atenuam o luto, idade, condições de saúde emocional e física etc. Por tanto, a escola como “extensão” do grupo familiar deste enlutado precisa fazer o que precisa ser feito de forma adequada.
Gostei bastante do artigo, mesmo já sabendo do contexto do tema, mas abordou de forma diferente o que eu havia lido com Maria J. Kovacs e seus estudos. Eu também já orientei trabalho de formando em psicologia sobre os profissionais da educação diante da morte, e apesar do recorte ser diferente do aqui visto, mas “desemboca” nas mesmas questões: PROFISSIONAIS DIANTE DA MORTE E DO MORRER.
É por isso, que estamos aqui, aprender, ensinar e melhorar nossa prática profissional.
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